A emoção foi muita para o ex-maquinista da Companhia Cimentos Portland Perus. José Silva, de 82 anos, ficou com os olhos marejados ao remexer as lembranças de um tempo marcante em sua vida. “Beleza de tempo! Até 1962 o trem transportava passageiros (da linha Perus/Gato Preto). A primeira viagem saía do Gato Preto às 6h20 e chegava em Perus, às 7h50. Na última viagem, às 18h20, partíamos de Perus e, às 18h50, chegávamos no Gato Preto”, relembra José.
O saudosismo e as lágrimas cessaram na brusca intervenção do amigo Jovino Rodrigues, de 79 anos. Com orgulho falou que era o guarda e cobrador da composição, do ex-companheiro maquinista. “Com o lampião na mão passava por todos os vagões. Os namorados queriam ficar sozinhos e o meu trabalho era não deixar acontecer isso”, falou orgulhoso.
As duas personalidades acompanharam de perto a inauguração do Museu Municipal Casa da Memória de Cajamar. As imagens ainda em preto e branco, do documentário produzido no final dos anos 70 e exibido na sala de vídeo, transportaram José e Jovino às suas lembranças e às lágrimas.
Neste clima, o prefeito Messias Cândido da Silva (PPS), o vice José David Pereira, o Davisão (PSDB); e Adanias Sousa (diretor de Cultura), juntamente com os vereadores Anésio Campos e João Missé, entregaram o primeiro Museu Municipal para a comunidade cajamarense.
“Nossa responsabilidade é muito grande. Começamos a construir a Casa da Memória no aniversário da cidade em 2003, com seu primeiro produto: a bengala do senhor Apolinário. De lá para cá muitas pessoas se envolveram com este projeto e finalmente o entregamos à comunidade”, comentou Adanias.
Messias Cândido falou que entre outras conquistas, hoje o artista cajamarense tem um ponto de encontro: a Feira de Artes, implantada pelo competente Adanias. “Este setor estava abandonado. Com a ajuda de sua equipe, o Ada conseguiu montar o nosso museu”, declarou o prefeito. “Isso é apenas o início. Tenho um compromisso para criar o hino de nossa cidade. E isso será feito”, concluiu o prefeito.
A Casa da Memória nasceu com um acervo diversificado com 20 objetos de artes, 47 quadros com fotos antigas da comunidade e um vídeo com duração de 10 minutos, produzido pelo Instituto Ferroviário da Capital. Todo o material foi doado pela comunidade. A Casa da Memória está instalada no Paço Municipal, que fica na Praça José Rodrigues do Nascimento, 30. A entrada é gratuita e o horário de funcionamento é de segunda à sexta, das 8 às 17 horas.