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Artigo: A tragédia educacional e os riscos anunciados às próximas gerações

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O Brasil tem ao menos três graves problemas estruturais: uma baixa qualidade escolar; uma enorme desigualdade social e o gigantismo da máquina pública. Neste artigo trataremos da baixa qualidade escolar. Apesar dos reconhecidos esforços de vários governos em um passado recente, investindo em campanhas para evitar evasão escolar, colocar mais alunos nas escolas, propor novos curriculums escolares, aumentarem as horas de permanência dos alunos em escolas públicas, buscarem uma modernização dos métodos de ensino, um fato persiste: nossa qualidade de ensino é muito baixa.
Em recente estudo largamente divulgado, o Banco Mundial chegou a conclusão, analisando os dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) por vários anos, que o Brasil demorará 260 anos – exatos, 260 anos – para alcançar a proficiência em leitura e 75 em matemática, comparando-se com os atuais níveis dos países desenvolvidos. Mesmo na hipótese desses dados serem contestados, a nossa desigualdade é abissal e por si só, uma vergonha.
O Brasil nunca teve uma efetiva política de governo voltada para a educação básica, quer seja estadual ou municipal, as esferas de governo encarregadas desta etapa da educação. Seria muito lógico que a educação infantil (creche e pré-escola) e o ensino fundamental (9 anos de estudo), fossem responsabilidades dos municípios. A criança deveria estudar o mais perto de sua casa possível. Mas nossos municípios estão aparelhados para isso?
O governo federal a partir de Ministério da Educação, deveria ter um rígido programa de fiscalização escolar em todos os municípios brasileiros. Caso as metas estipuladas não fossem atingidas o município deveria perder sua autonomia administrativa, ter uma intervenção. Simples assim.
A escola básica deveria ser prioridade de governo absoluta. Os professores deveriam ter um preparo adequado e ter condições adequadas para o seu magistério. E este desempenho deveria ser sempre mensurado e cobrado. Por outro lado, um professor deveria ganhar sempre mais do que um vereador; afinal, ele, o professor, lida com o componente social mais importante da nação: o futuro.
Talvez assim consigamos reduzir aquele tempo que nos separa do desenvolvimento. Claro que parece difícil de acontecer, no entanto se acreditarmos nesse sonho, ele se tornará realidade. Façamos uma revolução silenciosa, vamos inundar as redes sociais falando do descaso com a educação. Façamos petições aos congressistas pedindo que a educação seja a prioridade de qualquer governo. Se nós não mudarmos, nada mudará e estaremos condenando as futuras gerações a um atraso sem fim.
Celso Luiz Tracco é economista e autor do livro Às Margens do Ipiranga – a esperança em sobreviver numa sociedade desigual.

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